quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Burkina Faso

Depois das "férias" no Gana tinha chegado a hora de voltar à Viagem.
Absorver culturas diferentes, ver novas paisagens, viver do imediato, conhecer novas pessoas, maravilhar-me: é afinal para isso que viajo.

E que país melhor para recomeçar a sentir-me viajar do que o Burkina Faso?!
É natural que o nome seja estranho para vocês mas podem ter a certeza que se não fosse o futebol, o Cristiano Ronaldo, o Nani ou o Mourinho, também a grande maioria analfabeta da população do Burkina, país "entalado" no centro do Oeste africano, não saberia existir um país de nome Portugal.

Ofuscado pelos vizinhos Mali a norte e Gana a Sul, este país despretensioso, anteriormente chamado de Alto Volta (Volta é o nome do grande lago, situado no Gana), possuí locais extraordinários como a aldeia de Tiebele, famosa pela sua arquitectura única e povo curioso.
Quem pode resistir a um local, relativamente remoto, longe da capital de um país já em si tão particular, e com um nome tão musical e interessante como Tiebele?! Eu não.

Dessa forma, assim que entrei no Burkina, depois de um processo fácil e rápido (ao contrário da burocrática, para dizer no mínimo, entrada no Gana) fui até esta pequena aldeia no sul do país.

Depois de meia centena de quilómetros por uma estrada de terra vermelha, repleta de buracos com água (lembro que estamos em plena época de chuva por esta região), por entre acácias e embondeiros, cheguei a Tiebele.

Se Burkina Faso significa em língua local: "país de homens honestos", já Tiebebe significa "aldeia de homens livres".

A aldeia real Gourounsi em Tiebele, onde vivem cerca de 300 pessoas, é o coração da terra desta etnia.
Ali, visitei a aldeia onde vivem apenas os familiares do rei; casas com formas quadradas (para casais) e circulares (para os solteiros).
Estas casas de adobe são decoradas com padrões e desenhos diversos, tendo todos eles um significado especial. Desenhos de animais como serpentes, animais sagrados para este grupo, conferem sinal de protecção.  
Todo o magnifico trabalho de decoração é feito pelas mulheres da aldeia usando materiais como lama, carvão e esterco de vaca.

Ao contrário de muitos outros locais, ali as pessoas aceitam ser fotografadas, sentindo-se um clima sereno e completamente diferente do que se vive em muitos de alguns destinos turísticos nesta região.
Neste passeio, com ajuda de um guia local, tive a sensação de explorar uma galeria de arte ao ar livre.

O interior das casas é um mundo à parte. Casas sem janelas, frescas e arrumadas, baixas e escuras, com uma dimensão considerável, contendo uma cozinha, um espaço comum e o quarto.
No passado, o contraste da escuridão do interior com o brilho de fora agia como uma forma de protecção contra animais selvagens e inimigos.

Sem dúvida, uma experiência marcante a que ali vivi, perdendo-me nas ruelas estreitas (já sem o guia), falando com gente simpática e sempre com a companhia das crianças, que observavam com atenção todos os meus movimentos.
Também em Tiebele, à semelhança do que acontece no resto do país, os avisos de risco de atentados e da suposta presença de grupos islâmicos radicais no país feitos na Europa e Estados Unidos, afastaram a maior parte do turismo.
O impacto que a falta de turistas faz num país pobre como o Burkina Faso é triste de assistir, com consequências devastadoras para este país, em que o turismo representava uma ajuda bem-vinda à economia local e uma preciosa ajuda para muitas famílias locais.


A Miss em Tiebele
(com a sua pintura a torná-la parte integrante do cenário)







Registos da aldeia real dos Gourounsi em Tiebele





Pormenores do interior de uma das casas


A entrada tinha de ser feita de joelhos


Várias são as religiões
(muçulmanos e cristãos convivem na mesma aldeia)





 As crianças






 Cenas do quotidiano num local especial





Pormenores na aldeia

No final do dia uma BRAKINA fresca para relaxar


As Nações Unidas colocam o Burkina Faso na terceira posição dos países mais pobres do mundo.
Apesar de o país ter reservas de ouro significativas e produzir algodão, a industria está vulnerável às constantes alterações do valor desse material no mercado internacional.

O país conquistou a independência de França em 1960, porém os anos 70´s e 80´s foram marcados por diversos golpes de estado, não ajudando para o crescimento daquela nação.
Nos dias de hoje, apesar do alegado descontentamento da população devido a assuntos vários o país ainda consegue ser dos mais estáveis na região.
A sua capital, Ouagadougou, afectuosamente conhecida por Ouaga, com cerca de um milhão de habitantes, antiga capital do reino Mossi, alberga hoje mais de sessenta etnias do Burkina.
 
Aos meus olhos Ouaga pareceu uma cidade igual a tantas outras em África: caótica, voltada para o comércio de rua, onde tudo se pode comprar.
Acabei por ficar uns dias na cidade onde conheci o Gigi, um italiano "mais-velho" que viaja de mota por etapas em África e que tem como grande paixão coleccionar arte antiga dos vários países onde passa.
Nesta etapa, com cerca de três semanas, irá de Ouaga até Bamako onde apanhará o avião de regresso a Milão.

Achei que seria interessante acompanhá-lo durante um dos seus passeios pela cidade, visitando uma série de "antiquários" de arte tribal africana e vê-lo escolher as melhores peças.

Foi assim na companhia do Gigi que, depois das compras, conheci a noite em Ouaga, acabando noite dentro a dançar "Pump up the jam" dos velhinhos Technotronic num bar local "à pinha".
Os locais devem ter-se surpreendido mais ou tanto connosco ali na pista como eu ao ver os movimentos "break-dance" de alguns deles ao ritmo do som, provavelmente ainda em formato K7.

Acontece que na manhã seguinte sentia-me fraco, com febre e dores de garganta (terão sido as cervejas Brakina que bebi na véspera?!) tendo ficado naquele estado ao longo da semana.
Durante um ano de viagem foi aquela a primeira vez que me sentia doente (tirando a intoxicação alimentar apanhada há pouco tempo durante a minha estadia em Acra) e nem um medicamento tinha para a dor de cabeça.
Engraçado que quando comecei a viagem, precavido, até tinha uma farmácia jeitosa mas agora, depois de tanto tempo sem sentir uma única indisposição, tudo se tinha perdido.

Estar doente, com febre e mal-estar não é uma coisa bonita em nenhuma parte do mundo.
Mas garanto que no Burkina Faso, sozinho, de mota, quando a temperatura não desce dos 30ºC, com humidade acima dos 80%, mosquitos a atacar logo de manhã, o quarto onde se está alojado...ok, reformulando, o espaço pequeno e sem casa de banho onde se tenta dormir com uma ventoinha que parece que vai cair sobre nós a qualquer instante e que faz o mesmo barulho ensurdecedor que a Miss faz às 3.000 rotações, é mau de mais.
Felizmente, depois de uma ida à farmácia local onde me receitaram um xarope para a tosse e antibiótico, comecei a recuperar e pude então seguir para norte.

Uma vez mais nesta viagem optei por não fazer a rota directa (fácil, mas perdendo todos os pontos de interesse do nordeste do país), ao contrário do Gigi que seguiu assim para o Mali, e decidi demorar-me mais um pouco aproveitando para conhecer o mercado de Gorom-Gorom, junto ao Níger.

Antes ainda, tive o privilégio de conhecer Bani, uma pequena vila a umas centenas de quilómetros de Ouaga, a caminho do famoso mercado.
Durante esse dia de viagem a Miss resolveu começar com os seus estranhos ataques (problemas eléctricos, pensava eu na altura) e por duas vezes parámos sem saber porquê. Ainda não estava curado e as paragens, embora rápidas, fizeram-me ter outra recaída mais tarde.

A pequena cidade de Bani é muito bonita e guarda uma interessante mas bizarra história: sete fascinantes mesquitas em tijolos de argila rodeiam o local, situadas nas suas colinas.
A história conta que o homem que fundou aquela comunidade, no decorrer da sua peregrinação à cidade sagrada de Mecca, acabou por se desiludir pela forma ligeira com que muitos faziam aquela viagem e com o Islão em geral.
Assim, quando regressou, Al Hadji Bani, como ficou conhecido, tornou-se um homem forte religioso, trazendo centenas de fiéis para a cidade, acabando com todo o tipo de costumes tribais e animistas (uso de amuletos, etc) e pregando a que todos os seus vizinhos o seguissem.
Ao que parece esse senhor tinha sonhos e revelações sobre as mesquitas que acabou por construir. Nas suas ilusões ele seria um enviado de Deus (onde é que eu já ouvi esta estória, antes?!) e as pessoas começaram a segui-lo.
As mesquitas foram construídas e depois de algum tempo Al Hadji Bani afundou-se em delírios (isto não me foi contado assim, é óbvio, mas é a minha interpretação dos acontecimentos que me foram transmitidos), deixou de ir às orações, "arranjou várias mulheres" (isso sim, foi-me dito), dizia que Bani seria a nova Meca, etc.
Por fim, depois de ter imposto leis que acabaram por levar à morte de um dos seus discípulos foi preso e a comunidade desfez-se.

O que ainda não está desfeito são as mesquitas. A principal, no centro da aldeia é de grande beleza e dimensão impressionante com as suas cem colunas no interior (correspondente aos 100 nomes supostamente atribuídos a Deus).

Apesar do calor (que até os mosquitos fez desaparecer), de estar doente e a Miss não estar nas condições desejadas foi um dia bem passado e uma noite bem dormida, ficando alojado numa das frescas casas de argila (e merda de vaca?!).



Vista sobre Bani


A conduzir pelas ruelas da cidade











Algumas das mesquitas








A beleza das crianças enche de cor a paisagem árida do local




A moagem no final do dia
(aqui alguns dos mais novos choravam com "medo do branco")




A fabulosa mesquita principal




Os mais novos:
o puto que leva cuscuz para casa, os gémeos do Barcelona e a menina tímida muito séria



Gente bonita num local mágico


A Miss compondo o perfeito postal de Bani


Gorom-Gorom é a capital da província de Oudalan, na região mais a Nordeste do Burkina Faso, ficando muito perto do Níger a Este e do Mali a Norte.
O engraçado nome significa "senta-te, vamos todos sentar-nos" e é um fascinante ponto de encontro de diferentes etnias. O seu mercado, todas as quintas-feiras da semana, é o sitio ideal para testemunhar esta colorida e vibrante mistura da gente de diversas etnias e fazer parte integrante desse acontecimento.

Eu planeei estar lá durante o dia do mercado e devo dizer que foi duro ali chegar.
A vila fica em pleno Sahel (região que divide o deserto do Saara e as terras mais férteis a Sul), zona esta quente e seca (a temperatura chega facilmente aos 50ºC) e só depois de conseguir passar por várias zonas alagadas (o que me trouxe à memória o fatídico mergulho em terras angolanas) e de fazer dezenas de quilómetros em estradas esburacadas e com muita gravilha, cheguei finalmente ao meu destino.

Depois de me alojar numa pequena pensão, aproveitei a única televisão com satélite pública da vila para assistir ao jogo entre o Benfica e o Twente (2ª mão da Champions) na companhia de vários locais e claro, pagando o respectivo bilhete (100 CFA = +- 0,2 USD), fazendo-me lembrar o jogo que assisti, em condições semelhantes, na Ilha do Ibo em Moçambique na companhia do meu amigo Xano. Desta vez, porém o resultado foi diferente e ajudou a que a febre, que continuava, baixasse um pouco.

Dia seguinte foi dia de mercado.
O encontro desta gente tão diferente faz por si só o espectáculo.
A maior parte das pessoas são da etnia Fulani. Como na maior parte das vilas na região do Sahel, os homens encontram-se sobretudo no mercado do gado, vendendo, comprando, pastando ou simplesmente tomando conta dos animais.
As mulheres usam lenços coloridos, ornamentos no cabelo e tatuagens na cara e estão sobretudo no interior do mercado a vender esteiras ou a comprar alimentos.
 
Os Tuareg (cujo nome significa "abandonados pelos deuses") e os Bella (antigos escravos dos Tuareg que usam igualmente turbantes, espadas e são transportados por camelos) também são vistos no mercado.
 
Muitos deles chegam de zonas muito distantes, de táxi, camelo, burro, motas chinesas (que vieram substituir os cavalos e os camelos) ou mesmo a pé.
Passei horas a observar as pessoas que chegavam e a forma como o faziam.
Se não fossem as motas e alguns camiões com carga que era rapidamente descarregada para os burros, poderia algures noutro século.
Alguns homens chegavam montados nas suas pequenas motas com a espada presa à cintura e cobertos com turbante, burros puxavam carroças com várias pessoas trazendo mercadoria para vender no mercado, pastores apareciam de longe trazendo cabras e  vacas, homens montavam camelos e atravessavam assim o mercado, etc.
O espectáculo não parava.
 
No centro do mercado, as "bancas" de produtos eram coloridas e variadas. Desde o produto chinês que se encontra espalhado por todo o continente, ao leite de cabra vendido à cabaça, às peles de cabra e ossos de animais para remédios; de tudo se encontra.
Uma espécie de castanha é vendida às carradas, servindo como estimulante natural e é mascado por quase todos como atestam os dentes podres e manchados de vermelho dos mais velhos.
 
No meio da fruta, roupa, chás, de tudo e mais alguma coisa que se vende, o homem da carne desfaz em tiras uma cabra que ali assa e vende para o almoço.
Não resisto e como um saboroso cabrito enrolado em jornal.  Nunca comi tanto este bicho nos últimos meses de viagem. 



Travessia de curso de água para Gorom-Gorom
Será que dá?! Deu.

















Cenas do mercado de Gorom-Gorom


A meio dessa tarde decidi partir e rumar a oeste, pelo Sahel fora até à cidade de Djibo.
Depois de algumas horas a rolar suavemente a Miss começou a falhar e parou.
Os sintomas eram os mesmos das vezes anteriores e eu preparei-me para repetir o mesmo procedimento, adoptado vezes sem conta nos últimos dias, consistindo basicamente em tirar o depósito, desligar e voltar a ligar algumas fichas e arrancar (não é assim que fazem os informáticos com os computadores?!)
Mas para surpresa minha a Miss voltou a dar sinal e consegui assim mais uns quilómetros de viagem.

E é então que se constrói mais uma das estórias desta viagem e que vale a pena contar aqui: na única barreira da polícia que encontrei durante a minha estadia no Burkina sou mandado parar e a Miss vai abaixo assim que abrando.
Como já disse estava numa estrada na região do Sahel, perto de uma pequena aldeia mas muito longe da civilização.
 
Um dos dois polícias que ali estava perguntou-me para onde ia, de onde vinha; o trivial.
Respondi-lhe e disse-lhe de seguida que estava com um problema na mota.

- "La moto et  en panne", disse-lhe, como já aprendi a dizer, por repetição (aproveito para dizer que odeio francês, para que conste).

O "posto" escolhido por eles era à sombra e dada a temperatura elevada naquele momento decidi por ali ficar.
 
(Que se lixe, ao menos tenho companhia e tou à sombra), pensei.

Enquanto bebia água eles perguntavam-me se eu não tinha medo de andar por aquela região de mota e ainda por cima sozinho.

- "Então não tens medo da Al Qaeda? Não tens medo que te façam mal?!" - perguntavam eles.
 
Eu dando uma de forte e testando-os (psicologia invertida??) dizia, tentando parecer confiante e à vontade:

- "Não, para isso é que vocês estão aqui. Assim não tenho medo nenhum"

Minutos depois, quando a conversa já tinha mudado de assunto eu perguntava finalmente:

- "Mas aqui é seguro? Existem bandidos?"

E aí diziam eles com um sorriso nos lábios:

- "Não te preocupes, é para isso que aqui estamos."


Pelo que posso entender e parece-se ser o que faz mais sentido (se é que estas coisas fazem algum sentido) é que existem de facto alguns bandidos (longe de estar relacionados com a Al Qaeda ou quaisquer outros grupos islâmicos) que, através de barreiras nas estradas, assaltam os comerciantes, que andam frequentemente carregados de dinheiro.
Os turistas (ainda por cima com muito pouco dinheiro como é o meu caso) não são o alvo destes grupos que de burros têm muito pouco.

Bem, mas voltando à  "panne" da Miss.
Depois de desmontado o depósito, estou eu a desligar as fichas para entender o mau contacto quando um dos policias que para sorte minha era um entendido e estudioso de mecânica faz o diagnostico e identifica o problema.
Diz-me imediatamente que uma das fichas está estragada e o mau contacto que provoca faz cortar a ignição da mota.
Identificado o problema sugere que se faça uma ligação, com um pedaço de fio eléctrico para ajudar a "excitar aquele mambo" (recorro ao meu angolano pois não tenho linguagem técnica disponível neste momento).
 
Resumindo, com a improvável ajuda deste policia/mecânico no meio do Sahel (no meio do nada, para ser mais exacto), o diagnóstico foi feito, o problema solucionado, encontrando-me neste momento, a escrever estas palavras, no Senegal, a mais de 2.000 km daquele posto.
É verdade, o mambo continua a funcionar.
 
Despedi-me com muita gratidão daqueles gentis policias e continuei para Djibo onde já cheguei com o sol a esconder-se atrás dos embondeiros.



A improvável mas preciosa ajuda destes policias/mecânicos


Estrada bonita mas muito escorregadia a fazer lembrar
a minha passagem pela Namíbia


Os únicos carros com que me cruzavam eram deste tipo



Mais passagens por cursos de água
para molhar os pézinhos


Depois da noite (mal) passada na quente vila de Djibo, comecei a manhã cedo seguindo para Oeste onde iria apanhar a estrada que me levaria para o Mali.

Alguns minutos depois de ter começado, basicamente no meio do nada (tantas vezes esta história já se repetiu que se tornou num cliché) a Miss parou. Não estou a mentir, garanto; para verem a minha sorte.

Bem, confesso que no primeiro minuto roguei uma praga ao policia e lembrei-me das palavras dele:

- "Não vais ter mais problemas com este assunto".

Mas depois de confirmar que a Miss tinha faísca e de ouvir um barulho estranho na bomba de combustível (que fica no interior do deposito) percebi que o problema agora era outro.
Poderia ser a bomba ou alguma das mangueiras que está no interior do depósito e assim para verificar teria de o abrir.
Para quem não sabe do que falo devo dizer que isso implica ter de tirar toda a gasolina do depósito (ou não, como eu comecei por fazer).
Assim, depois de o tentar fazer ainda com a gasolina lá dentro (devia ter ai uns 25 lts o que tornava a tarefa suja, para não dizer numa grande trapalhada) vi que era a mangueira que passa pelo filtro de gasolina que se tinha soltado.
Que azar o meu, ou que falta de jeito na montagem do novo filtro em Acra...
Bem, acontece.
 
A tarefa é relativamente fácil e rápida em todo o sitio menos na berma de uma estrada de terra batida, com uns 35ºC, sem sombra e com 25 lts de gasolina no depósito.
Depois de perder uns litros de suor, apareceram uns miúdos que rapidamente prestaram ajuda: pedi-lhes uns baldes para colocar a gasolina e assim, uns minutos depois apareceram novamente vindos de uma aldeia próxima.
Algum tempo depois tinha de novo a Miss a funcionar e mesmo coberto de gasolina pude voltar à estrada rumo ao Mali.



Mangueira solta no interior do depósito
(é maca a mais!!!)



O sítio pior para se ter uma "avaria" deste tipo



A rolar até ao Mali e por fim a fronteira (um dia cheio)


Cheguei nesse dia, depois de umas 10 horas de rabo sentado na Miss ao Mali, à  Falésia de Bandiagara, uma  referencia em África e uma das maravilhas do mundo (se não esta na lista, digo-vos eu que é).

Acabei o dia a ligar para casa (depois de uma molha que acabou em queda) e a saber que (quase) todos pensavam que algo me tinha acontecido pois não dava noticias (a mensagem habitual do dispositivo SPOT perdia-se pelo caminho) desde há uns dias.

Aqui fica o meu pedido formal de desculpas pela preocupação que (mesmo involuntária) causei.
Não deixa de ter piada imaginar a minha irmã à conversa com a policia de Gorom-Gorom, tentando saber sobre do meu paradeiro. :) (desculpa lá mana)
 
Soube hoje que o Coronel Kadafi poderá estar no Burkina onde tem exílio garantido.
Espero que tenha boa estadia e goste do país.
Eu adorei.


4 comentários:

  1. Estás desculpado mano!
    Estamos à tua espera.
    Rita.

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  2. Hi Gonçalo,

    Not sure if you got my reply since I always get errors when I send you the e-mails. Here's the reply:

    You know things here in Africa - too hard to find a very good mechanic and "regular" mechanic usually makes things worse, so I'd recommend not touching the gearbox leak if all works for you for now and it's not sure where the small leak is from. Usually those small gearbox leaks are fine as long as you have a good ceramic or oil-resistant clutch. There's not too much distance to go home anyway. Look it positive: probably it'll make it, but if not - the new parts will come fast since Europe is now very close anyway :-) ) Let me know if some surprising developments happens on your GS.

    I got malaria, so now off in bed with medicine. We'll be stuck in Bamako for some time I guess.

    Ride safe,
    Margus & Kariina

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  3. Boas Maduro,

    Grande crónica, simplesmente magnifica!!..deu-me vontade de dar um salto ao Burkina, embora já tivesse estado na fronteira (Paga) não chequei a entrar no BF.

    Continua com as tuas crónicas e boa viagem...espero que a Miss não te dê mais problemas!...

    Grande Abraço
    Joao Paulo from Ghana

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  4. A luz viva da sua viagem nos leva contigo na garupa da Miss. Boa viagem!

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